Simpósio Ecumênico reflete sobre o desafio do convívio em um mundo pluri-religioso
Com informações do Portal da CNBB
Instigados pela temática “Violência em nome de Deus? Em tempos de ódio, injustiça e indiferença, educar para a paz” bispos, padres, diáconos, religiosos e religiosas e leigos se reuniram no Centro de Convivência Mãe do Bom Conselho, de 31 de janeiro a 2 de fevereiro, em Jundiaí (SP) para a realização do Simpósio Ecumênico organizado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
O bispo de Cornélio Procópio (PR), dom Manoel João Francisco, presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-religioso da CNBB saudou os convidados e presentes destacando que “em um mundo de pluralismo religioso frente a tanta intolerância as nossas reflexões devem se tornar atitudes, reconhecendo que todas as religiões têm seu valor e devem ser respeitadas”.
O professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Paraná, Luiz José Dietrich, aprofundou, com o grupo, a temática do encontro. Ele também é assessor nacional do Centro de Estudos Bíblicos (Cebi). Ele criticou sobre um “certo cristianismo” que está se instalando em muitas Igrejas e também em instâncias de poder nas cidades, estados e no país.
“É um cristianismo que em nome de Jesus promove o individualismo, a homofobia, o racismo, ataca os direitos humanos, defende o uso de armas, as execuções sumárias, demonstra enorme intolerância religiosa, cultural e moral”, afirmou.
Na avaliação do especialista, isso contradiz o Evangelho de Jesus de Nazaré, pois atribui a Jesus Cristo a teologia das pessoas que condenaram e apoiaram a sua própria morte. “É importante que conheçamos as passagens bíblicas que abordam a violência para podermos fazer uma leitura libertadora delas e também para termos uma palavra de Deus que seja promotora de justiça, amor e vida“, disse.
O pastor Rudolf Von Sinner, pastor da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, professor de Teologia Sistemática e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Teologia da PUC Paraná, enfatizou que “a violência em geral, e contra determinadas comunidades ou pessoas religiosas em particular, exige uma mudança de postura de pessoas e igrejas cristãs”.
“Precisam inserir-se no espaço público junto com outras comunidades e organizações religiosas em pé de igualdade, lutando pela efetiva liberdade religiosa todos. Ancoradas na prática de Jesus e na crença num Deus dinâmico e relacional, é possível buscar a superação do ódio, injustiça e indiferença”, apontou.
O arcebispo de Feira de Santana (BA), dom Zanoni Demettino Castro, que também integra a Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo da CNBB e é o bispo referencial da Pastoral Afro-brasileira, ressaltou que a busca pela paz, pela reconciliação e resgate da humanidade é central no processo evangelizador.
“Vivemos num mundo plural, no entanto, nos deparamos com situações de preconceito e intolerância. Por que tanta violência? Como reagir à esta realidade? Sem dúvida o caminho passa pelo diálogo e pela hospitalidade, passa pela a concretude da vida de Jesus de Nazaré, que passou a vida fazendo o bem“, disse.
Inspirados pelo clima de oração, convivência e fraternidade o encontro foi encerrado com a avaliação e partilha de sugestões para os próximo Simpósio Ecumênico em 2021.
Reunião do GREDIRE
Tratando da continuidade de seu planejamento, a reunião do Grupo de Reflexão para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-religioso (Gredire), foto ao lado, realizada no dia 31 de janeiro, teve como pauta a elaboração de novos materiais referenciais para o ecumenismo, diálogo das comissões bilaterais, partilha e demais encaminhamentos dos regionais para o ano de 2020.
Recordou-se que se aproxima a Campanha da Fraternidade Ecumênica, a ser realizada em 2021, com o tema “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor” e o lema “Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade” (Ef. 2.14). A próxima reunião do Gredire está prevista para setembro, em Salvador (BA).
Com informações e colaboração de Edoarda Scherer