Ser cristão é ser um bom cidadão!

Com informações de Michele Toso Cappellini – Coordenadora Diocesana da Pastoral da Inclusão

 

As comemorações do fim de ano se aproximam e nos convocam para uma reflexão: o uso dos fogos de artifício! Entenda o porquê:

Muitas pessoas, principalmente as crianças que têm Transtorno do Espectro Autismo, Deficiência Intelectual, Paralisia Cerebral e/ou crises epiléticas entram em estado de pânico diante do barulho intenso provocado pela queima dos fogos. Também muitos idosos acamados e/ou pessoas hospitalizadas sentem grande desconforto, podendo apresentar confusão mental, surdez e ataque cardíaco.

A maioria dos animais se incomodam muito com barulho, especialmente os cães e gatos. Segundo a Dra. Yuka Saito, médica veterinária, os cães ouvem em uma intensidade 20 vezes maior que a do ser humano, o que acarreta reações de muito medo e, por sua vez, sérias consequências. Alguns animais buscam se esconder, tremem, choram, outros se desesperam de tal forma que podem tentar fugir. Nessas tentativas, podem ser atropelados ou se ferirem ao pular portões com lanças ou portas com vidro. A médica ainda salienta que, os animais com histórico de doenças, podem piorar os sintomas devido ao estresse gerado pelo forte barulho, por exemplo, as crises convulsivas.

A poluição sonora causada pelos fogos de artifício também pode causar estresse e até morte aos animais silvestres, explica Dra. Ariane Di Tullio (bióloga, doutora em ciências e educadora da Fubá Educação Ambiental e Criatividade). Pesquisadores dos Estados Unidos registraram que aves marinhas chegaram a abandonar seus ninhos após as celebrações do Dia da Independência. A profissional ainda complementa: além disso, a fabricação e a queima dos fogos liberam percloratos, substâncias nocivas ao ser humano e aos animais e que contaminam o ar e os corpos d’água.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, mais de 7 mil pessoas sofreram lesões decorrentes do uso de fogos de artifício no período de 2007 a 2017; sendo 70% queimaduras; 20% lesões com lacerações e cortes; e 10% amputações de membros superiores, lesões de córnea, lesão auditiva e perda de visão e de audição. No mesmo período, foram registradas 96 mortes em todo o Brasil.

Diante dos estudos e conhecimento dos especialistas, é fato que a queima de fogos de artifício é prejudicial ao próximo, ao pobre e à nossa casa comum. Já nos dizia São Francisco de Assis, que o pobre é todo ser frágil que a nós se apresenta.  Por isso, nós cristãos devemos ter uma postura coerente à nossa fé, repudiar esta prática e fomentar essa consciência a tantos que nos acercam, bem como, àqueles que podemos alcançar pelo uso das nossas redes sociais.

Sabemos que a fidelidade às grandes coisas semeia-se, por primeiro, pela fidelidade às pequenas coisas. Que a nossa postura enquanto bom cidadão, releve a autenticidade do nosso ser cristão. Sendo assim, que nossas comemorações e festividades de fim de ano aconteçam de maneira saudável, respeitosa ao próximo, sendo não um sinal de trevas, mas, ao contrário, sinal da Luz do Próprio Cristo que vem até nós!