Pe. Rubens abr 22, 2021

Seminário de Teologia completa 40 anos de sua criação

Seminário de Teologia completa 40 anos de sua criação

Com informações do Seminarista Daniel Andricioli | Fotos: Arquivo

Na diocese de São Carlos, na metade da década de 1930, criou-se o primeiro seminário. Depois de haver encarado algumas contrariedades na formação de seu próprio clero – formação essa que se fazia urgente já que, num clero de aproximadamente 14 padres, somente 03 eram brasileiros – Dom Gastão Liberal Pinto criou, com a ajuda do então padre Ruy Serra, o seminário menor na diocese. Com duas salas fornecidas no prédio do Colégio Diocesano, onde padre Ruy exercia a função de diretor, Dom Gastão iniciou aqueles que pretendiam seguir o caminho sacerdotal.

Foto da casa que abrigou o primeiro seminário da Diocese, nos meados da década de 1930.

Entretanto, o Seminário Menor correspondia apenas à primeira parte da formação. As necessárias ciências da Filosofia e da Teologia não encontravam terreno de formação ad intra na Diocese. Os meninos que terminavam o ginasial iam fazer Filosofia e Teologia em outros lugares, sobretudo no Seminário Central do Ipiranga, na capital São Paulo, e na faculdade dos Missionários Claretianos em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais.

Nas tensões históricas e necessidades urgentes, sobretudo da implantação das mudanças promovidas pelo Concílio Vaticano II, Dom Ruy (que havia sido padre conciliar) decretou a criação do curso e Seminário de Filosofia na cidade sede da Diocese, em 1968.

PUCCamp em 1980

Assim, há dois passos importantes para a formação do clero diocesano: a criação do Seminário e a Instalação do Instituto de Filosofia. Entretanto, há na formação uma necessária dedicação acerca da contemplação da Ciência Sagrada, isto é, a Teologia.

Desse modo, em 1978, conforme uma decisão dos Bispos do Regional Sul I da CNBB, PUCCamp em 1980 criou-se o ‘Instituto Teológico de Campinas’, para as dioceses dessa Província Eclesiástica. Tal instituto, então denominado ‘Paulo VI’, foi resultado de um convênio entre as dioceses da Província e os padres da Congregação dos Sagrados Estigmas (Estigmatinos). Estes foram importantes porque cederam um prédio, no Jardim Nova Europa, onde seria instalada a Casa de Formação de todos os diocesanos.

O Curso de Teologia teve início no campus I da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUCC), em 1978. Por razões do prédio se tornar insuficiente para abrigar os novos alunos, os bispos da Província, buscando melhor solução, decidiram criar Casas de Formação menores, em âmbito diocesano. Deste modo, no final de 1980, Dom Constantino Amstaldem, Administrador Apostólico Sede Plena, contando com expressiva colaboração de muitas pessoas, passou a procurar na cidade de Campinas um prédio adequado para a instalação da Casa de Formação para os seminaristas de Teologia de nossa Diocese.

Assim era o Seminário de Teologia, Casa de Formação São Carlos Borromeu, em 1981. Quem aparece ao lado da casa é Dom Constantino.

Assim, depois de vários contatos, ficou acertada a compra de uma casa recém- construída (para residência familiar), mas ainda não utilizada, sita à Rua Emerson José Moreira, no bairro “Chácaras Primavera”. No período de férias de fim de ano, em 1980, essa casa sofreu algumas modificações na sua parte inferior, para servir adequadamente como Seminário (construção da Capela, banheiro, quartos, adaptação do salão de estudos). Todas as paróquias da Diocese colaboraram generosamente para a compra e adaptação da casa, como também, para sua mobília e utensílios.

Os seminaristas, unidos a Dom Constantino, escolheram como nome para o novo seminário: “Casa de Formação São Carlos Borromeu”, em honra ao padroeiro da Diocese. Em 19 de fevereiro de 1981 iniciaram-se as atividades na casa. O primeiro reitor foi o padre Carlos Antônio Jorge e o primeiro diretor espiritual o Mons. José Maria Fructuoso Braga.

Na primeira turma a morar na casa estava cursando o seu terceiro ano o seminarista Francisco Carlos da Silva e, cursando o primeiro ano, o seminarista Sérgio da Rocha. Estes, mais tarde, seriam elevados ao grau do episcopado, como muitos que passaram na Casa (e este último seria contado pelo Papa entre o número dos eminentes príncipes purpurados da Igreja). Em 25 de março daquele ano, solenidade da Anunciação do Senhor, houve a inauguração mui festiva e bênção da casa, que contou com a presença de Dom Ruy Serra e Dom Constantino, além de alguns padres, dos quais se destacam Monsenhor Virgílio de Pauli, que foi bispo em Campo Mourão e o então Cônego José A. A. Tosi Marques, atualmente arcebispo de Fortaleza. Então, em 1982, foi nomeado o segundo reitor, o, então, cônego Bruno Gamberini, mais tarde arcebispo da província, de quem se faz saudosa memória. Em 1986 foi nomeado o terceiro reitor da casa, Cônego Luis Celso de Souza Biffi.

Primeira turma de seminaristas a morar na Casa, em 1981

Nesse período em que foi reitor pela primeira vez, cônego Biffi, juntamente com a comunidade do seminário, contou com algumas gratas surpresas e ilustres visitas, como a Visita Apostólica de Dom Antônio Maria Mucciolo, em nome da CNBB (visita feita a todos os seminários diocesanos), em 24/10/1988; e alguns feitos estruturais, como o  de janeiro a fevereiro de 1989, quando houve uma ampla reforma na capela, contando com grande colaboração das paróquias da diocese.


Côn. Biffi, 3º reitor da Casa de Formação

Passados 10 anos de sua inauguração, a Casa de Formação, sempre frequentada por inúmeros padres da Diocese, teve uma apoteótica festa, marcada no dia 25 de março de 1991.

Se fizeram presentes muitos padres, além de Dom Constantino e de Dom Gilberto Pereira Lopes, arcebispo da Província, hoje emérito. Outros eventos festivos acompanharam a caminhada desse Seminário, como a Solene comemoração dos 500 anos de evangelização das Américas, celebrado em 1992; as visitas constantes de prelados, como Dom Washington Cruz, então bispo da diocese irmã de São Luis de Montes Belos, nesse mesmo ano. Em 1993, foi nomeado o quarto reitor da Casa, Pe. Ademir Antonio Michieletto.

Quando completou 75 anos, em 1995, Dom Constantino, idealizador e fundador da Casa de Formação, ficou emérito de sua função de pastorear a Diocese, sendo sucedido por Dom Joviano de Lima Júnior, SSS. Este, no uso de suas atribuições episcopais, nomeou, em 1997, o quinto reitor da casa: o, então, padre Sérgio da Rocha, que também lecionava Teologia Moral no Instituto.

Também nesse período, houve uma rotatividade grande e forte dinamicidade na formação, sobretudo pelo carisma e abertura da equipe formativa e os residentes da Casa. Inúmeras tardes de formação com figuras importantes e, sobremaneira, com o Mons. José Maria Fructuoso Braga estão registrados nos anais. Essa dinamicidade e forte animação vocacional na Diocese fizeram com que o espaço da Casa adquirida fosse ficando exíguo, demandando a construção de uma nova Casa.

Construção da “casa nova”. À direita vê-se o futuro refeitório.

Iniciada em outubro de 1997, a obra se intensificou em 1998. Houve, como se pode inferir, a fase das fundações e alicerces, depois o levantamento das paredes, permitindo a visualização do projeto que se acalentara por dois anos, antes da execução. Houve valorosa e generosa contribuição de pessoas e comunidades, que colaboraram nesse projeto. Ainda nos eflúvios da comemoração dos 90 anos da criação da Diocese, houve, em 13 de abril de 1999, a inauguração da Nova Casa.

Havia, na ocasião, muitíssimos convidados, dentre bispos, padres, diáconos, os seminaristas e algumas pessoas representando toda a Diocese. Essa “Casa Nova”, como até hoje é chamada, é, atualmente, a principal parte do Seminário, onde estão todos os espaços para as atividades comunitárias (Sala de reuniões ‘Bento XVI’, refeitório, cozinha, secretaria e maior parte dos quartos, além da sacristia e, o mais importante, a capela).

Ainda nessa festividade da Inauguração houve, mesmo que informalmente, a visita sem precedentes à Casa do Exmo. Revmo. Núncio Apostólico do Brasil, na ocasião, Dom Alfio Rapisarda, que acompanhado por mais 10 bispos e seu secretário, um monsenhor polonês. Estes, que estavam em Itaici, por ocasião da 37ª. Assembleia Geral da CNBB, vieram com muito gosto a Campinas conhecer a nova casa do Seminário de Bragança Paulista, que havia sido construído e inaugurado por Dom Bruno Gamberini, e a nova Casa deste Seminário de São Carlos, a convite de Dom Joviano. Dom Alfio, numa conversa informal, mas carregada  de emoção, destacou o Seminário como “Coração da Diocese”.

Destarte, a emoção contagiante da visita, que durou pouco tempo, deu-se, sobretudo na afirmação do reitor, o Pe. Sérgio, que disse na ocasião: “receber o Núncio Apostólico é, de certa forma, receber o próprio Papa”. À Casa e aos seminaristas, o Núncio Apostólico deu a bênção apostólica, cantada em latim, “como extensão da bênção papal”.

Passado o Grande Jubileu do ano 2000, concretamente festejado, sobretudo no II Congresso Eucarístico Diocesano, que teve grande participação e colaboração da comunidade do Seminário, em junho de 2001 houve uma notícia sem precedentes na história da Casa de Formação.

O reitor em exercício, Pe. Sérgio, foi nomeado pelo  papa João Paulo II como Bispo titular de Alba e auxiliar de Fortaleza. Houve grande festa e emoção   nos seminaristas,    na    Diocese    e  na Igreja do Brasil. Sua nomeação foi o marco, também, do primeiro aluno e primeiro professor do Instituto de Teologia da PUCC a ser elevado ao episcopado, sendo longamente homenageado numa cerimônia promovida por essa. Desse modo, como exigiu a ocasião, Dom Joviano nomeou o sexto reitor dessa Casa, o Pe. João Roberto Campanini.

Dom Sérgio da Rocha preside Celebração Eucarística na Capela da Casa São Carlos Borromeu, em 2001.

Concorrendo o percurso histórico e dinâmico, mais uma vez a Casa presenciou uma grande festa, o jubileu de prata de sua inauguração. A missa, que vinha logo após a notícia da transferência de Dom Joviano como arcebispo a Ribeirão Preto, foi um evento     singular     na     história    da comunidade do Seminário. Para marcar esse jubileu, foi celebrada uma Solene   Missa,   que   contou   com   a presença de, na ocasião, 03 arcebispos (Dom Bruno Gamberini – Arcebispo de Campinas; Dom José Antonio Aparecido Tosi Marques – Arcebispo de Fortaleza; Dom Gilberto Pereira Lopes – Arcebispo emérito de Campinas), 03 bispos (Dom Sérgio da Rocha; Dom Francisco Zugliani; Dom Rubens Spínola), 38 padres da Diocese (dentre os quais, até agora, 03 foram nomeados bispos: Dom Francisco Carlos da Silva, Dom Moacir Aparecido de Freitas e Dom Eduardo Malaspina), além do reitor da PUCC (Pe. Wilson Denadai), 04 diáconos, funcionários, e membro da Comunidade Católica Querigma, que animaram a celebração. Na homilia, todos os bispos fizeram uso da palavra, destacando aspectos dos 25 anos da casa, elevando um grande Te Deum.

Jubileu de prata da Casa de Formação São Carlos Borromeu em 2006. Da esquerda à direita: Dom Sérgio da Rocha, Dom Gilberto, Dom Joviano, Dom Bruno Gamberini e Dom Francisco Zugliani.

Em 2007, logo no início do ano, tomava posse o novo bispo da Diocese de São Carlos, Dom Paulo Sérgio Machado, que visitou pela primeira vez a Casa no mês seguinte. No ano seguinte, 2008, centenário da Diocese, exercendo suas atribuições, o novo bispo nomeou o sétimo reitor da Casa de Formação, Pe. Oswaldo Gonçalves Pereira. Esse, tendo seu pai de 82 anos acometido de grave enfermidade, necessitado de sua ajuda, deixou a reitoria em setembro do mesmo ano. Por tal, nomeou-se o oitavo reitor da Casa, Pe. Marcos Eduardo Coró, que tomou posse no mês seguinte.

Dom Paulo Sérgio em visita ao Seminário de Teologia em 2008

Concorrendo tudo com grande dinamicidade, em 2010, o bispo diocesano achou por bem, valendo-se da sua missão de estabelecer o bem a todos de seu rebanho, nomear o nono reitor da Casa de Formação. Pe. José Edmilson Santos, recém-chegado de seus estudos sobre Direito Canônico, feitos em Roma.

Nesses anos, sobretudo, notou-se santas e numerosas vocações nessa Casa, dobrando em quantidade o clero da Diocese, que tomou novo ânimo e vivacidade. Acontecimento marcante para a Casa foi, quando em 2013, fez sua Páscoa o Monsenhor José Maria Fructuoso Braga, importantíssimo na história da consolidação do Curso e do Seminário. Morreu aos 93 anos, em odor de santidade. Gerações inúmeras de padres devem a ele uma palavra amiga, uma confissão sacramental, um conselho ou uma exortação. Neste ínterim, a grande preocupação com as vocações rendeu, até mesmo, uma Carta Pastoral do senhor bispo Diocesano acerca delas. Completando 70 anos, como sempre havia dito que procederia, Dom Paulo Sérgio entregou a renúncia ao Santo Padre, que aceitou com gratidão pelos anos à  frente dessa diocese.

Assim, em 2016, concorrendo o final do primeiro semestre, foi nomeado novo bispo à diocese de São Carlos, Dom Paulo Cezar Costa. Este, instalando o Tribunal Diocesano, necessitou da presença mais certa do Pe. Edmilson junto à Sede da Diocese, achou por bem, nesse mesmo ano, nomear um novo reitor para a Casa de Formação, o décimo.

Curiosamente, esse já havia sido o terceiro responsável pela Casa, o Côn. Luís Celso de Souza Biffi. Novamente reitor, o cônego Biffi viu-se interpelado a instruir os seminaristas de acordo com a nova Ratio Fundamentalis Institutionis Sacerdotalis3, promulgada nesse mesmo ano. Ainda assim, buscou constantes adaptações necessárias na estrutura da Casa, de acordo com as possibilidades.

Em 2018, ano do décimo primeiro centenário da Diocese, necessitando do Cônego Biffi junto ao Tribunal Eclesiástico e às paróquias da Diocese, Dom Paulo Cezar Costa nomeou o décimo primeiro reitor da Casa, Pe. Antônio Aparecido de Marcos Filho. Este, encontrando tal necessidade, intentou uma reforma na “casa velha”, a mesma que fora comprada em 1981, conforme as possibilidades. Fez dela um “complexo administrativo”, deixando alguns espaços importantes para toda a comunidade destacados da “Casa Nova” (Biblioteca e sala de estudos coletiva, lavanderia, academia, sala de TV, almoxarifado, escritório do reitor, escritório do moderador espiritual, sala de reuniões dos padres).

Dom Paulo Cezar no Seminário de Teologia, na ocasião presidiu missa de encerramento do semestre letivo.

No final de 2020, junto ao reitor, foi provisionado como moderador espiritual da Casa de Formação o Pe. Rene José de Sousa, que, aliado ao Pe. Antônio, contribui com sua presença. É uma função importante, já que dirige toda a dimensão espiritual dos futuros sacerdotes. No presente ano de 2021, Pe. Toninho e Pe. Rene, junto com toda a comunidade do Seminário, prepararam a grande festa dos 40 anos de instalação e inauguração do Seminário.

A diocese vacante, no entanto, desde a nomeação de Dom Paulo Cezar a Arcebispo de Brasília em 2020, não diminui o brilho da festa. À frente da Diocese, unido ao egrégio Colégio de Consultores (do qual faz    parte    o    reitor),    está    o Administrador Diocesano Dom Eduardo Malaspina. Alegria inenarrável se comenta já que Dom Eduardo foi um dos alunos formados nessa casa. Seu ingresso se deu no ano de 1988, Ano Santo Mariano, tendo sido ordenado presbítero, como consta jubilosamente nos anais da Casa, no ano de 1991. Em 07 de março de 2018 foi nomeado Bispo auxiliar de nossa Diocese, depois de nela ter realizado inúmeras funções, das quais se destaca sua carreira brilhante como professor do Seminário.

Dom Eduardo Malaspina na Capela do Seminário de Teologia “Casa de Formação São Carlos Borromeu”

 

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