Pe. Rubens ago 9, 2019

O dia em que vimos um milagre em Aparecidinha da Babilônia

O dia em que vimos um milagre em Aparecidinha da Babilônia

O ano era 1987, faz tempo, né? Pois bem, meu avô morreu em 1988, havia nascido em 1907, num distrito da cidade, numa fazenda, como era de costume, filho de um italiano e de uma portuguesa. Ao longo do tempo, a fé católica sempre se fez presente na família e nós todos tínhamos o costume, mesmo em dias que não eram de festa como este 15 de agosto, de ir até o Santuário de Aparecida da Babilônia.

 

Sempre íamos até a igreja e ouvíamos meu avô contar a história do Santuário, do incêndio que consumiu toda a fazenda e que somente numa árvore, onde hoje está a igreja, o fogo não se atreveu a entrar, era justamente nesta árvore que estava a imagem de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, a mesma que foi encontrada no Rio Paraíba, por pescadores e que se transformou no escudo de fé de muita gente.

 

Ocorre que os anos foram passando e meu avô foi envelhecendo e aquele ano de 1987 foi terrível para ele. Primeiro porque minha avó faleceu de forma inesperada, antes dele, pois pelo que me lembro, ele descobriu que estava com um câncer na boca (foi fumante de cachimbo, infelizmente, por muitos anos, aquele tipo de gente antiga sabe?) e começou a fazer um tratamento no Hospital Amaral Carvalho e pelas minhas recordações aquilo abalou demais minha avó.

 

Ela ficou mal, internou em São Carlos e infelizmente não resistiu e acabou falecendo. Sabe aquelas histórias de que quando um vai o outro logo atrás acompanha? Então, meu avô ficou sozinho no mundo sem a Dona Elisa e logo quis encontra-la também.

 

Porém, cumpre dizer que meu avô por anos tinha corcunda, andava, digamos, torto, quase abaixado numa prova de que os anos de trabalho lhe foram muito duros, especialmente na roça, única atividade que o brasileiro de seu tempo conseguia fazer e isso o deixava com dificuldades de locomoção.

 

Entretanto, perto de um 15 de agosto, meu avô quis ir em Aparecida e então fomos eu, ele e meu pai, não me recordo seu meu irmão estava junto. Chegamos no santuário, olhamos a fazenda, ainda não era dia de festa, tudo estava vazio, a igreja aberta, o local com ninguém passeando por ali.

 

Paramos na parte debaixo e fomos olhar as coisas. Meu avô, que não conseguia se mexer direito, ficou olhando a escada e nós apenas dizendo que era para esperar um minutinho que iríamos virar o carro e parar na parte de cima, onde seria mais fácil entrar no santuário pela lateral, afinal uma pessoa com problemas nas costas, que andava torto, não poderia subir uma escadaria considerável daquela.

 

Eis que estava conversando com meu pai e a história começou a se fazer ali em nossa frente. Do nada, meu avô endireitou as costas, subiu a escadaria como se nada tivesse acontecido, andou perfeitamente como se não sentisse nenhuma espécie de problema, entrou na igreja, saudou Maria Santíssima e depois voltou para o carro com tranquilidade.

 

Isso pode até parecer pouco para quem não viu, mas para quem viu, como se diz no Evangelho de João, foi um grande feito, aquele que dá testemunho é porque viu.

 

Depois disso, uns dias se passaram, um homem de outra igreja, uma seita, foi até a casa do meu avô lhe prometer cura se o mesmo deixasse sua religião e abraçasse a fé do cara. A resposta dele veio na mesma moeda: “Jamais deixarei de tomar a comunhão!”

 

Após um tempo, meu avô morreu. Foi encontrar minha avó que partiu antes dele, afinal de contas acho que não aguentou de saudade, mas sua melhora foi expressiva depois de passar no santuário e perder sua concorda. Todavia, ele quis ir para o céu.

 

Meu avô se chamava Sancorso Chimirri e hoje dá nome para uma rua no Parque Santa Elisa, em São Carlos. Veja que coincidência, minha avó, se chamava Elisa. E eu vi um milagre, que pode ser pequeno para você, mas para quem viu, foi grande.

Renato Chimirri

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