Pe. Rubens fev 4, 2023

O caminho para a Igreja ser sal e luz na atualidade

O caminho para a Igreja ser sal e luz na atualidade

5º Domingo do Tempo Comum

As imagens do sal e da luz, presentes no Evangelho deste domingo, convidam as comunidades dos discípulos e discípulas de Jesus Cristo a renovarem a consciência da missão, e perguntar se o seu modo de vida tem cooperado para a Igreja servir à vida.
Mateus ao utilizar essas imagens após as bem-aventuranças indica que a Nova Lei dada e realizada em Jesus Cristo é um dom aos seus discípulos para salgar e iluminar a vida das pessoas e da sociedade. Nesse sentido, o Senhor diz: “Vós sois o sal da terra” (Mt 5,13), e também, “vós sois a luz do mundo” (Mt 5,14). É importante perceber que se trata de afirmações derivadas da última e mais sublime bem-aventurança (Mt 5,11), pronunciada para a Igreja: “Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós por causa de mim” (Mt 5,11). O sal, muito importante desde a antiguidade para conservar e dar sabor aos alimentos, no contexto do A.T. era também utilizado nas celebrações de alianças como símbolo de algo estável e duradouro, como a Aliança de Deus com o seu povo (Nm 18,19). Em Mateus indica uma ação invisível e silenciosa dos cristãos na sociedade pelo testemunho do discipulado, o que contribui para pessoas encontrarem o autêntico sabor e sentido da vida na descoberta de serem filhos no Filho. “A ausência de sentido para a vida é fonte de grande sofrimento” (DGAE 2019-2023, n. 110).

No A.T. a imagem da luz foi utilizada, como na passagem de Isaias, na qual anunciava aos israelitas que “tua luz é chegada e as nações caminharão sob esta luz (Is 60,1-3).

No Evangelho de João (Jo 8,12) Jesus se apresenta como a “Luz do mundo”, e diz que quem o segue terá a “Luz da vida”. O Senhor ilumina os que vão a ele para também serem luz no mundo testemunhando e anunciando a Boa-Nova do Reino, para resplandecer realidades justas, verdadeiras e geradoras de vida. A luz aponta para a presença visível dos discípulos de Jesus na realidade, e essa imagem inspirou o título do belo documento do Concílio Vaticano II acerca da Igreja: Lumen Gentium (Luz das Nações), uma compreensão estreitamente ligada à missão.

A primeira leitura vem reforçar a importância dos atos de amor e de caridade como: repartir o pão, acolher os que estão em situação de rua, vestir os nus. Obras com as citadas em Isaias, são elencadas por Jesus na passagem do “Julgamento final” (Mt 25,31-46), e se constituem em critério para o reconhecimento dos verdadeiros discípulos de Jesus. Aqueles enaltecidos pelo salmo desta liturgia, “Feliz o homem caridoso e prestativo, que resolve seus negócios com justiça” (Sl 111,5). No intuito de gerar esse homem novo, São Paulo anunciava Jesus crucificado (ICor 2,2), para a fé se basear no poder de Deus e não na sabedoria humana (ICor 2,5).

Recorda as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, que “Na fé cristã, a espiritualidade está centrada na capacidade de amar a Deus e ao próximo” (N. 102). E acrescenta, “quando se contempla a Deus, percebe-se a beleza do pequeno e do simples, e se educa o olhar para ver as necessidades do outro” (N. 102).

Por isso, a Igreja reza ao Pai, na recordação de que Jesus “Sempre se mostrou cheio de misericórdia pelos pequenos e pobres, pelos doentes e pecadores, colocando-se ao lado dos perseguidos e marginalizados” (Missal Romano, Oração Eucarística VI-D).

Aproveito a ocasião para exortar os discípulos e discípulas de Jesus Cristo, reunidos na Diocese de São Carlos, a aprofundarem a compreensão e vivência do “Pilar da Caridade”, conforme prevê o nosso Plano de Pastoral. Esse pilar da vivência da fé, requer empenhos em prol e a serviço da vida, desde a fecundação até o seu fim natural, e a contribuir na estruturação das obras de caridade e misericórdia, tanto no âmbito pessoal, quanto comunitário e social (DGAE 2019-2023, n. 171).

Que a celebração da liturgia do 5º Domingo do Tempo Comum, leve nossa Igreja a aprofundar o sentido e urgência das ações imbuídas do amor misericordioso de Deus, para a luz de Cristo resplander entre todos.

Dom Luiz Carlos Dias

Bispo Diocesano de São Carlos

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