Pe. Rubens out 13, 2021

Leigas com deficiência física em processo de beatificação

Leigas com deficiência física em processo de beatificação

Descrição: ilustração das duas mulheres citadas na reportagem abaixo. À direita Gaetana: senhora, pele branca, cabelos pretos presos, usando uma blusa de lã nas cores lilás, bege e vermelho, está sorrindo. Em torno de sua face a uma áurea branca. À esquerda: María, senhora pele branca, está deitada, usa um lenço preto na cabeça e lençol que cobre seu corpo nas cores rosa e azul; seu olhar está direcionado para o alto; em torno de sua face há uma áurea branca. Fim da descrição.

Da Redação, com informações de  Michele Toso Cappellini – Coordenadora Diocesana da Pastoral da Inclusão

O Dia Nacional da Pessoa com Deficiência Física, celebrado anualmente no dia 11 de outubro, marca a luta pela promoção dos direitos dos mais de 13 milhões de brasileiros que possuem algum tipo de deficiência física. Além de dar maior visibilidade a estas pessoas, a data foi instituída com o propósito de conscientizar a sociedade e destacar as transformações positivas decorrentes da inclusão.

A data foi instituída pela Lei Nº 2.795, promulgada em 15 de abril de 1981 pelo governo de São Paulo e posteriormente comemorada em todo o território nacional.

No último 3 de outubro, foram beatificadas, em Catanzaro, Itália, duas mulheres leigas, italianas, com deficiência física: María Antonia Samá e Gaetana “Nuccia” Tolomeo.

María Antonia Samà

Nasceu em 2 de março de 1875 no sul da Itália, na cidade de Sant’Andrea Jonio, na província de Catanzaro.

Aos 22 anos, ela sofreu uma artrose grave que fez com que ficasse paralisada com os joelhos levantados e permaneceu deitada nesta posição por quase 60 anos, oferecendo ao Senhor todos os seus sofrimentos.

María Antonia viveu tudo com os olhos da fé e convidou aqueles que a visitavam a confiar sempre em Deus, em qualquer situação. Embora fosse leiga, os habitantes da cidade a chamavam de “a freira de São Bruno” porque quando criança foi curada de uma infecção por intercessão de São Bruno de Colônia. Muitos a procuravam em busca de conselhos e orações e encontravam paz e serenidade. Com ela rezam o terço três vezes ao dia. Morreu em 27 de maio de 1953, aos 78 anos.

Gaetana “Nuccia” Tolomeo

Gaetana Tolomeo, conhecida como “Nuccia”, nasceu em 19 de abril de 1936.

Desde o nascimento tinha dificuldade para andar devido a uma doença que era quase desconhecida na época. Ajudada e apoiada pela mãe, pelas freiras, pelos padres, contemplando o Crucifixo, Nuccia iniciou um caminho de fé que durou toda a sua vida com momentos de ‘angústia e tristeza’ e, às vezes, de desespero. Ainda muito jovem, durante uma viagem a Lourdes, ofereceu-se como vítima e rezando pela conversão dos pecadores. ”

“Ao ver minha vida interrompida, fiquei preocupada em me abandonar em pensamentos terríveis! Em minha necessidade avassaladora de amor e proteção, voltei-me para o Crucifixo. Perto de ti, Jesus, agradeço ao Amor por ter me crucificado por amor”. Também ofereceu sua paralisia física pela santificação dos sacerdotes.

Nos últimos três anos de sua vida, colaborou com a rádio Maria, com duas transmissões nas quais compartilhava seus pensamentos que se chamavam “Também há alegria no sofrimento” e “O sofrimento é a vitória do amor!”.

Morreu morte em 24 de janeiro de 1997. Tinha “uma grande capacidade de consolação porque se tornou apóstolo da consolação”.

Aqui no Brasil, tivéssemos uma grande mulher leiga, com deficiência física que hoje é reconhecida pela Igreja como Serva de Deus: Maria de Lourdes Guarda.

 

Maria de Lourdes Guarda

Nasceu na cidade de Salto -SP, em 22 de novembro de 1926. Aos 18 anos de idade lecionou no Colégio da Congregação das Filhas de São José em Salto e sonhava ser religiosa como sua irmã, porém antes era preciso tratar de um problema de saúde na coluna.

Em 1947 passou pela primeira cirurgia, suas dores continuaram. Uma segunda cirurgia, com péssimo resultado, ficou paraplégica. Durante cinco anos tentou por meio de outras seis cirurgias, sem resultado. Teve a perna direita amputada abaixo do joelho, os seus ossos dos quadris extraídos. Ou seja, ainda jovem, cheia de vida, com planos para o futuro, Maria de Lourdes viu-se totalmente imobilizada em uma cama, sem ao menos poder sentar-se, uma vez que foi necessária engessá-la com uma canaleta nas costas do pescoço até o joelho.

Em 1972 que celebrou, dentro do Hospital Matarazzo (Nossa Senhora Aparecida) 25 anos de paralisada, sem poder nem ao menos sentar-se. Foi então que assumiu para valer sua condição de pessoa com deficiência permanente. Num acordo com a direção do Hospital, passou a fazer tricô e bordados sob encomenda, para poder pagar suas diárias na enfermaria. E lá conseguiu manter-se por muitos anos.

Aceitando e assumindo a sua realidade de paraplégica, abre espaço para acolher a graça de Deus. Dizia: “nenhuma deficiência é impedimento para a vida” Seu quarto logo passou a ser uma espécie de referência para encontro de amigos e de pessoas que queriam conhecê-la, devido a problemas pessoais e dificuldades familiares.

Engajou-se na Fraternidade Cristã de Pessoas com Deficiência e Doentes (FCD), um movimento leigo internacional ecumênico, fundado na França, foi Coordenadora Nacional até 1992, época que viajou pelo Brasil e América Latina para concretizar sua missão de fundar grupos.

Há uma obra belíssima sobre sua história: “Um Quarto com Vista para o Mundo – A vida de Maria Lourdes Guarda” escrita Margarida Oliva e Guilherme salgado Rocha, com última edição publicada em 2018.

Faleceu em 5 de maio de 1996 em São Paulo e em 30 de setembro de 2011 já foi considerada Serva de Deus. Seus restos mortais foram transladados para o altar da Sagrada Família, na igreja matriz da Paróquia de Nossa Senhora de Monte Serrat, em Salto.

A pastoral da inclusão em unidade com toda nossa diocese, roga a intercessão dessas santas mulheres por nossa Igreja, para que todas as pessoas com deficiência encontrem em nossas comunidades, espaços de acolhida e de protagonismo e, em nossos corações, a consciência de que toda pessoa, independente de suas fragilidades físicas, sensoriais e/ou psíquicas são capazes de Deus!

Fontes:

https://dj.org.br/maria-de-lourdes-guarda-3/

https://www.acidigital.com/noticias/duas-mulheres-que-sofreram-paralisia-por-decadas-e-ofereceram-sua-dor-a-deus-sao-beatificadas-47241

 

Copyright ©2018. Todos os direitos reservados.