Diocese São Carlos mar 7, 2018

Carta do novo Bispo Auxiliar aos diocesanos

Carta do novo Bispo Auxiliar aos diocesanos

Aos Revmos. Srs. Padres e Diáconos, Aos Religiosos e todos os Consagrados, Seminaristas, Leigos e leigas

Papa Francisco, hoje, dia 07 de março de 2018, nomeou-me Bispo Auxiliar da Diocese São Carlos, colaborando com Dom Paulo Cezar Costa, nosso Bispo Diocesano, na missão de apascentar em nome do Senhor as ovelhas do rebanho, exercendo em favor do povo a missão de ensinar, santificar e governar.

“Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e Deus de toda consolação”! (2 Cor 1, 3) Ao Senhor e a sua Igreja, eu digo na fé, o “sim” de abandono à Sua vontade, com as palavras do Beato Charles de Foucauld: “Meu Pai, eu me abandono a Ti, faz de mim o que quiseres. O que fizeres de mim, eu Te agradeço. Estou pronto para tudo, aceito tudo, desde que a Tua vontade se faça em mim.”

São muitos os sentimentos e desejos que me inundam por ocasião de minha nomeação. Partilharei alguns deles:

Primeiro, a alegria por ser instrumento da misericórdia de Deus e de poder servir a minha Igreja como sucessor dos apóstolos. Alegria de ser servo, de continuar servindo em um pequeno ponto do Corpo do Senhor Glorificado, corpo que se vai glorificando a sua imagem.

Segundo, gratidão a Deus por permitir que a Igreja Particular de São Carlos continue deixando  essa marca indelével na nossa Igreja Católica, através de pessoas que viveram e vivem a fidelidade a Jesus Cristo. Gratidão ao Santo Padre, o Papa Francisco, que me confirmou para cumprir esta missão, confiando-me uma das tarefas mais desafiadoras que já vivi. Meu agradecimento se estende a Dom Paulo Cezar que na sua bondade, me aceitou como auxiliar, mas também se fez próximo como irmão e amigo. Todos nós já fomos exortados por ele a termos um ministério pastoral com medidas altas, um ministério acolhedor, respeitoso, hospitaleiro, alegre e inclusivo, que se molda sob a figura do Pastor Bom e Belo, que acolhe e vai ao encontro, que se faz próximo daqueles que mais precisam. Sou publicamente agradecido por esse voto de confiança, tenho por Dom Paulo grande estima e afeto! Doar de nossa própria pobreza é um sinal de maturidade espiritual, que o nosso Bispo Diocesano aceite minha pobreza para confirmar junto com ele, os nossos irmãos na fé.

Gratidão a todos os filhos e filhas espirituais da nossa querida Diocese de São Carlos. É uma “honra inestimável” continuar trabalhando nesta porção da vinha do Senhor, que me educou na fé, me ensinou a amar, me instruiu a orar e mostrou como servir. Há 36 anos entrei no seminário (1982) e há 26 recebi o segundo grau do Sacramento da Ordem: o sacerdócio (1991). Este tem sido um tempo valioso que me permitiu conhecer e apreciar sacerdotes, diáconos, religiosos e religiosas, seminaristas, leigos e leigas de todas as condições, homens e mulheres de boa vontade de nossa vasta Diocese. Fui amadurecido aqui, sou fruto deste grande trabalho de evangelização realizado por pessoas corajosas, que não mediram esforços em responder com generosidade ao Senhor, dando testemunho de fé, esperança e caridade. Não posso deixar de agradecer as paróquias onde vivi meu ministério presbiteral, de maneira especial aos fiéis da Paróquia São Nicolau de Flüe, na cidade de São Carlos, cujo os últimos anos tenho exercido meu sacerdócio.

O terceiro sentimento é de compromisso. Eu escolhi como meu lema episcopal um pequeno versículo da Carta de São Paulo aos Efésios: “para edificar o corpo de Cristo” (Ef 4,12) (“In aedificationem corporis Christi”). O Ressuscitado que assumiu a nossa carne continua sempre a edificar o seu Corpo, a sua Igreja, pelo Espírito. E ela – graças à contribuição de cada membro – cresce e vai sendo edificada no Amor. (Ef 4,16)

A situação social e eclesial nestes últimos anos certamente mudou, mas as “raízes sagradas” de uma Igreja estão sempre trazendo novo impulso evangélico! Como Bispo Auxiliar eleito, Pastor e Servidor, quero continuar a cuidar do rebanho, a contribuir com o meu novo ministério na edificação das comunidades de discípulos ouvintes da Palavra que se deixam moldar por ela, aprendendo a vencer o mal pelo bem; dando minha parcela de contributo nas comunidades missionárias já existentes e fortalecendo aquelas que precisam daquilo que chamamos de missionariedade, ou seja, experimentar o poder transformador do Evangelho como nos convida a Conferência de Aparecida.

 

Colaboradores e irmãos

Caros padres, religiosos, diáconos transitórios e permanentes, seminaristas, contai com a minha presença, confiança e amizade. Junto com Dom Paulo Cezar, pretendo estar próximo com solicitude e atenção paterna, numa sincera busca de colaboração e crescimento humano e espiritual aos que desejarem. É sabido que através da ordenação presbiteral, todos os sacerdotes junto aos seus Bispos, são “colaboradores e conselheiros no ministério e na função de ensinar,  santificar e governar o Povo de Deus”, como afirma a Presbyterorum Ordinis (n. 7). Não podemos esquecer de que nossos sacerdotes são “sábios colaboradores” (Lumen gentium, 28), “irmãos e amigos” (Presbyterorum ordinis, 7) no ministério.

Desejo a todos os fiéis leigos e leigas, no Ano do Laicato, que se tornem cada vez mais sujeitos eclesiais, sendo um sinal eloqüente da bondade, da misericórdia e do amor de Deus para com todas as pessoas, de maneira especial os pobres, doentes e excluídos. Que este tempo novo, nos ajude a viver uma fé adulta e madura, e nos permita enfrentar  – em nosso contexto secularizado – os problemas da história e as grandes questões da vida, como um desafio importante para o Evangelho.

Quem encontrou algo de verdadeiro, de belo e de bom na sua própria vida, o único tesouro autêntico, a pérola inestimável, irá correr para compartilhar com os seus. E faz sem qualquer temor, porque sabe que recebeu a adoção de filho; sem qualquer presunção, porque tudo é dádiva; e sem desânimo, porque o Espírito de Deus precede a sua ação no coração dos homens. Essa missão religiosa da Igreja é profundamente humana. (Gaudium et spes, 11) Por isso, ela é mãe chamada a gerar processos, que possam respeitar a vida e oferecer esperança de vida. Diante da crise social que estamos mergulhados, Papa Francisco tem insistido num novo humanismo, ou seja, há uma saída clara para o futuro. Ela passa pela capacidade de integrar as pessoas numa rede de solidariedade e oportunidade, na qual os cidadãos vivam a vida com dignidade; pela capacidade de dialogar, utilizando as ferramentas do encontro, da negociação e da resolução de conflitos e pela capacidade de gerar – não meros observadores de lutas alheias, mas um forte apelo à responsabilidade pessoal e social. Em comunhão com nosso Plano de Pastoral, no desejo de ser um instrumento que edifica a Igreja de Jesus presente na Diocese de São Carlos, abraço o compromisso missionário de estar junto às realidades mais desafiadoras que nosso povo vive. Quero ser presença do Bom Pastor junto a todas essas situações. Quero ser eco da voz de Deus nessas intercorrências. Possa o Senhor me agraciar e iluminar para que eu seja edificador do Seu Reino (Ef 4,12) nesta Igreja Particular.

Que a Virgem nos ajude a dizer o nosso Sim à urgência de fazer ressoar a Boa Nova de Jesus no nosso tempo; nos obtenha um novo ardor de ressuscitados para levar, a todos, o Evangelho da vida que vence a morte; interceda por nós, a fim de podermos ter uma santa ousadia de procurar novos caminhos para que chegue a todos o dom da salvação.

Conto com suas orações e a intercessão de São Carlos Borromeu, nosso Padroeiro.

Nas coisas da fé e nas causas do Reino estaremos diariamente unidos.

 

São Carlos, 07 de março de 2018

Monsenhor Eduardo Malaspina 

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