Pe. Rubens jul 20, 2023

Amar o próximo também no ambiente digital

Amar o próximo também no ambiente digital

Documento do Dicastério para a Comunicação do Vaticano promove uma reflexão sobre a participação dos cristãos nas redes sociais

Arte sobre foto de Luciney Martins/O SÃO PAULO

É de conhecimento geral que as tecnologias digitais estão cada vez mais presentes na vida das pessoas, seja para trabalhar, estudar, para manter-se informado, entreteter-se, seja para estabelecer relacionamentos. Esse uso frequente é um dos fatores mais importantes para o desenvolvimento de uma cultura contemporânea denominada cibercultura.

Esse ambiente digital que disponibiliza espaços de compartilhamento de informações e de conhecimento, e que promove a troca de ideias e interações, pode ser chamado de ciberespaço.

De acordo com o sociólogo francês e pesquisador em Ciência da Informação e da Comunicação, Pierre Lévy, o ciberespaço se refere ao “universo das redes digitais como lugar de encontros e de aventuras, terreno de conflitos mundiais, nova fronteira econômica e cultural”.

Diariamente, cada pessoa presente nas redes sociais digitais se torna produtora e consumidora de conteúdo nesta sociedade da informação. Em julho, foi criada uma rede social que em poucas horas chegou a 10 milhões de usuários.

É evidente que os avanços da tecnologia trouxeram muitos benefícios e novas oportunidades, mas também alguns desafios. Torna-se necessário uma atitude reflexiva, e não somente reativa diante desse cenário. E uma pergunta se torna oportuna: Como é a nossa presença nas redes sociais?

Nas encruzilhadas digitais, assim como nos encontros diretos, não é suficiente ser 'cristão'. Nas redes sociais é possível encontrar muitos perfis ou contas que proclamam um conteúdo religioso, mas que não participam em dinâmicas relacionadas de modo fiel. Interações hostis, bem como palavras violentas e ofensivas, especialmente no contexto da partilha de um conteúdo cristão, gritam da tela e representam uma contradição do próprio Evangelho"

(Papa Francisco, Fratelli tutti 49)

Para ajudar nesta reflexão, no dia 29 de maio deste ano, o Dicastério para a Comunicação do Vaticano publicou o documento “Rumo à presença plena: uma reflexão pastoral sobre a participação nas redes sociais”.

O presente documento é resultado de reflexão e pesquisas, e foi construído em um processo sinodal, que envolveu especialistas, professores, jovens profissionais e líderes, leigos, sacerdotes e religiosos. Ele promove uma reflexão comum sobre o modo como os cristãos deveriam estar presentes nas mídias sociais, o que consiste em assumir uma postura coerente com a vida cristã.

Inspirada na parábola do Bom Samaritano, a reflexão pastoral convida que cada cristão promova a cultura da proximidade nesse espaço, que vivencie o “amor ao próximo” também na esfera digital.

As redes sociais são capazes de favorecer as relações e promover o bem da sociedade, mas podem também levar a uma maior polarização e divisão entre as pessoas e os grupos. O ambiente digital é uma praça, um lugar de encontro, onde é possível acariciar ou ferir, realizar uma discussão proveitosa ou um linchamento moral"

(Mensagem do Papa Francisco para o 50° Dia Mundial das Comunicações Sociais, “Comunicação e misericórdia: um encontro fecundo” – publicada em 24/01/2016)

O documento é dividido em quatro assuntos. Por primeiro, expõe algumas “ciladas” presentes nas “rodovias digitais”, riscos que temos que considerar ao estar na rede, como a importância de sair do grupo dos seus iguais, furar as “bolhas” para se encontrar com os outros que pensam diferente, os quais não são uma ameaça, pelo contrário, representam uma riqueza.

Em segundo lugar, apresenta o aspecto “da consciência ao verdadeiro encontro”, ao fazer um paralelo com o que aconteceu na parábola do Bom Samaritano e o relacionamento nas redes sociais, e assim destaca que a escuta verdadeira do outro rompe o obstáculo da indiferença e dos conflitos existentes.

O terceiro tema aborda “Do encontro à comunidade”, e afirma que o uso da rede é complementar ao face a face, de modo que “as relações comunitárias nas redes sociais deveriam fortalecer as comunidades locais e vice-versa”.

Além do mais, mostra um estilo distintivo, o modo que deve distinguir os discípulos de Jesus na rede, que se traduz em amar uns aos outros como Ele nos amou, isto é, dar testemunho.

Por meio desta edição do Caderno Pascom em Ação, fica o convite à leitura do documento “Rumo à presença plena: uma reflexão pastoral sobre a participação nas redes sociais”. O conteúdo na íntegra está disponível aqui.

Esse subsídio valioso pode ser aprofundado com a equipe da Pastoral da Comunicação da sua paróquia. Trata-se de uma chance para pensar e refletir sobre a nossa presença plena nas redes sociais, a fim de testemunhar cada vez mais o amor de Deus no mundo digital.

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