Pe. Rubens dez 15, 2022

ACOLHER O MENINO DEUS!

ACOLHER O MENINO DEUS!

Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo emérito de Juiz de Fora (MG) 

 

A liturgia do 4º. Domingo do Advento diz-nos, fundamentalmente, que Jesus é o “Deus conosco”, que veio ao encontro dos homens para lhes oferecer uma proposta de salvação e de vida nova. A figura de Nossa Senhora, grávida do Mistério de Deus. O Deus Conosco, Emanuel, nascerá do ventre de uma virgem. Alegrando-nos pela salvação de Deus que se realiza em nosso meio, juntemo-nos à alegria de Maria, José e de todos os que aguardam o Salvador. 

Na primeira leitura(Is 7,10-14), o profeta Isaías anuncia que Deus é o Deus que não abandona o seu Povo e que quer percorrer, de mãos dadas com ele, o caminho da história… É n’Ele (e não nas sempre falíveis seguranças humanas) que devemos colocar a nossa esperança. 

O Evangelho(Mt 1,18-24) apresenta Jesus como a encarnação viva desse “Deus conosco”, que vem ao encontro dos homens para lhes apresentar uma proposta de salvação. Contém, naturalmente, um convite implícito a acolher de braços abertos a proposta que Ele traz e a deixar-se transformar por ela. Aqui é o cumprimento pleno da profecia da primeira Leitura: A Virgem Maria concebeu pelo Espírito Santo e dará à luz o Emanuel, o Deus conosco. Pela ação do Espírito Santo, Jesus é o Messias, Filho de Deus. Pela inserção na linhagem davídica, por meio de José, descendente de Davi, Jesus é o Messias de Davi.  

Todo este Mistério da Encarnação é, obviamente, obra da vontade e dos desígnios divinos, mas Deus quis contar com a colaboração humana para a salvação da própria humanidade. José, o justo, cumpre silenciosamente o mandado divino. A justiça de José não é aquela da lei, que condenaria Maria por adultério. A justiça de José é a justiça da confiança na Palavra de Deus, da dedicação em receber e cumprir a vontade dele. José tornou-se, por seu amor obediente, modelo de discípulo fidelíssimo de Jesus que, durante sua vida terrena, ensinará que a verdadeira justiça é fazer a vontade do Pai. 

O Evangelho de Mateus é o Evangelho do Emanuel. Desde o início, durante e no fim da narrativa, Jesus é apresentado como o Deus que veio para junto e para o meio dos seus a fim de salvá-los do pecado (Mt 1,21.23), para socorrê-los em suas necessidades (Mt 18,20), para colaborar com eles e conduzi-los em sua missão (Mt 28,30). 

Na segunda leitura(Rm 1,1-7), sugere-se que, do encontro com Jesus, deve resultar o testemunho: tendo recebido a Boa Nova da salvação, os seguidores de Jesus devem levá-la a todos os homens e fazer com que ela se torne uma realidade libertadora em todos os tempos e lugares. A vinda de Cristo é o centro e o objeto do alegre anúncio feito pelos profetas. É por Cristo que recebemos também nós a vocação de colaboradores do Evangelho. 

Neste tempo do Advento devemos dizer um sonoro não ao “natal do consumismo”. O verdadeiro sentido do Natal é o nascimento de Jesus, que é o maior presente de Deus Pai, pela ação do Espírito Santo, para a humanidade. Jesus veio por amor para que nós sejamos amor entre irmãos. A alegria do Natal é aquela que dá vida e não as da morte e das armas. Deus é amor. Deus, na sua infinita bondade, assume nossa frágil condição. Das alturas se inclina e desce ao chão da vida humana. Em tudo semelhante a nós, menos no pecado. Jesus nasce e chega como um amigo que pede licença para entrar em nossa vida. Ele sempre pede licença, porque o amor respeita a liberdade, é um presente. 

Jesus nasce pelo poderio do amor. Seu olhar compassivo tem o abraço da ternura e o beijo de mãe. Jesus, ao nascer, traz em suas mãos o céu, o eterno. Que nosso coração esteja aberto e pronto para acolher o Menino Deus! 

No Natal, que está às portas, celebraremos o mistério do grande amor do Pai pela humanidade, ao enviar seu próprio Filho ao mundo. A encarnação de Jesus é fruto da ação do Espírito Santo, da colaboração e Maria, que concebe pelo sopro divino, e da disponibilidade de José, que se põe inteiramente a serviço do plano salvífico de Deus. 

 

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