Pe. Rubens mar 13, 2024

Perdão e misericórdia na Campanha da Fraternidade 2024

Perdão e misericórdia na Campanha da Fraternidade 2024

Por Dom Jailton Oliveira Lino
Bispo de Teixeira de Freitas\Caravelas (BA)

Neste período de reflexão e penitência que é a Quaresma, encontramo-nos imersos na profunda temática do perdão e da misericórdia, pilares fundamentais da experiência cristã, especialmente à luz da Campanha da Fraternidade 2024, que nos convoca com o lema: “Somos Todos Irmãos.” 

A magnitude do amor divino, exemplificado pelo sacrifício do Filho de Deus, nos conclama a trilhar o caminho da emulação desse amor, por meio do perdão e da misericórdia. A dualidade intrínseca entre perdoar e ser perdoado, conforme expressa São Francisco de Assis em sua emblemática oração, desenha um intricado panorama de relações humanas fundamentadas na reciprocidade da misericórdia. 

A oração de São Francisco ressoa como um convite à introspecção profunda, uma jornada que transcende a mera autoanálise. O perdão, nesse contexto, é um compromisso ativo: identificar nossas falhas, confessar os pecados, pedir perdão e misericórdia, e, crucialmente, empenhar-se em não repetir as transgressões. Aqui, o ato de contrição de Santo Afonso de Ligório torna-se uma bússola moral, guiando-nos na busca pela transformação interior. 

A misericórdia divina, longe de ser uma indulgência passiva, é convite à verdadeira conversão. Ela instiga-nos não apenas a buscar o perdão, mas a realizar uma transformação profunda, evitando a repetição dos atos que desagradam a Deus. O pedido de misericórdia implica, inevitavelmente, em oferecê-la aos outros, um princípio que ecoa as palavras de Jesus: “Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia” (Mateus 5,7). 

A capacidade de perdoar revela-se como um aspecto intrínseco ao pedido de misericórdia. Como buscamos a benevolência divina se não cultivamos a compaixão pelos outros? O ato de perdoar, iluminado pela luz da verdade, não apenas aproxima-nos de Deus, mas também revela que nossas ações são guiadas por Sua vontade (João 3:21). 

Neste caminho espiritual, o perdão e a misericórdia transcendem as palavras para tornar-se atitudes que moldam não apenas nossa relação com Deus, mas também nossa interação com o próximo. Que a prática do perdão seja o alicerce para a verdadeira amizade social, proposta pela Campanha da Fraternidade. O perdão não é apenas um gesto isolado; é uma postura contínua que nos impulsiona a refletir a luz da verdade em nossas ações diárias. 

Que, como cristãos, possamos ser agentes de transformação e paz, inspirados pela misericórdia divina que nos chama a superar barreiras, cultivar a compaixão e estabelecer uma fraternidade genuína. Que a Quaresma seja um tempo não apenas de reflexão, mas de ação, onde o perdão e a misericórdia florescem, criando um caminho luminoso em direção à verdadeira amizade social. 

 

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