Pe. Rubens mar 13, 2020

O QUE UM CRISTÃO FAZ NO TEMPO DE PESTE?

O QUE UM CRISTÃO FAZ NO TEMPO DE PESTE?

Por Padre Robson Caramano

O medo de que o coronavírus se propague pelo Brasil traz a tona as profecias de fim dos tempos e se é preciso tomar muito cuidado. Na verdade são precisos dois cuidados: o primeiro com a saúde, atentando-se às recomendações de prevenção; e o segundo cuidado é com relação a fé. No que diz respeito ao primeiro, a boa educação já ajuda bem. Depois o higienizar as mãos, evitar toques, e tudo que já se sabe a respeito.

O que me preocupa, além de uma questão sanitária, são as pessoas de fé assustadas e, muitas delas, a acreditar que este é o fim do mundo. E então se apegam a profecias que dizem: “faça isto, faça aquilo outro para se livrarem da peste”. Intrigou-me tanto que fui buscar na história da Igreja uma fundamentação para se refletir de maneira amadurecida o crer num tempo de saúde pública em crise.

Foi então que me deparei com ninguém menos que São Carlos Borromeu. Patrono de nossa Diocese. No ano de 1576 quando a peste assolava a atual Itália, Carlos foi ao encontro dos pobres desprezados pelas autoridades da época para dar-lhes a comunhão, para atendê-los espiritualmente, expondo-se totalmente ao vírus da época. Anos mais tarde acometido por febre alta veio a falecer em 03 de novembro de 1584, aos 46 anos.

A vida está em primeiro lugar, sempre! Por isso se deve tomar os cuidados necessários, mas há algo que nos ensina nosso Santo Padroeiro Carlos Borromeu. Este santo nos possibilita aprender que não se pode temer a morte, a peste, o vírus. Não nos desesperemos acreditando em profecias que pregam o fim dos tempos, o importante é não nos apequenarmos na fé. Não nos esqueçamos do que dissera Jesus: “Vinde a mim vós todos que estais aflitos e eu vos darei descanso”(Mt 11, 28-30).

Como gente de fé, não desviemos o olhar da caridade, do jejum e da oração. O tripé do tempo quaresmal nos auxilia a santificar nossa vida e nos ajuda a passar pelo Coronavírus.

Não sejamos indiferentes aos que sofrem, saibamos jejuar de práticas que consideramos tão importantes, como saudar com um aperto de mãos, para descobrirmos que o amor se expressa de inúmeras outras maneiras que não apenas no toque; e, sobretudo, não nos desviemos da oração. Daquela vida de oração que a Igreja nos propõe.

O centro de nossa fé é Cristo, e Ele prometeu estar conosco até o fim dos tempos (Mt 28,20) , não nos apeguemos a mais nada, tenhamos a certeza de que está conosco. “Se vivemos é para o Senhor que vivemos, se morremos é com Ele que morremos. Sendo assim, quer vivamos, quer morramos, pertencemos ao Senhor” (Rm 14,8).

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