ago 2, 2024
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A Igreja como uma Sinfonia Vocacional
Por Dom Neri José Tondello, bispo de Juína (MT)
“…Podeis beber o cálice que eu beberei e ser batizados com o batismo com que serei batizado?”‘Eles disseram: podemos’” (Mc 10, 38-39).
Queridos amigos e amigas!
Coloco-me a escrever sobre o mês vocacional e parto com a citação acima que tem como ponto de partida a pergunta de Jesus, com a resposta positiva dos filhos de Zebedeu: Tiago e João. A teologia do batismo favorece o tema diante de uma comunidade de fé e amor para o santo serviço, arcando com as mesmas consequências que as consequências de Jesus.
Ao responder positivamente para Jesus, Tiago, mais do que consciente para intuir o que poderia acontecer, estava com predisposição interior para seguir os passos de Jesus, pois “sempre levamos em nós mesmos os sofrimentos mortais de Jesus, para que também a vida de Jesus seja manifestada em nossos corpos” (2 Cor 4, 7-15). Nada por acaso, que o apóstolo Tiago foi o primeiro mártir decapitado no ano 44, sob Herodes Agripa, nos dias da Páscoa (At 12, 2-3).
Ainda, a passagem acima representa o Evangelho da coragem dos primeiros que Jesus chamou. Assim como animou os primeiros, anima a todos os chamados a qualquer momento da história, toda vez que surgem necessidades. A cada época é Kairos de Deus, Hora de Deus, hora de servir.
A teologia do batismo nos confere o dom de servir, pois a Igreja não distribui poderes, mas confia serviços. Uma Igreja sinodal como pede o Papa Francisco para o futuro, faz bem pensar e encorajar para uma Igreja disposta a servir, isto é, fazer-se próxima dos mais necessitados e sofridos da terra.
Aqui, gostaria de saudar o Sínodo da Amazônia que propôs novos caminhos para a Igreja com “propostas corajosas”. Tanto as conclusões do Sínodo, bem como a Exortação Apostólica do Papa Francisco, Querida Amazônia, levam a mensagem da criação da CEAMA, conhecida como a Conferência Eclesial da Amazônia, para continuar o caminho sinodal na construção de um rito amazônico com rosto próprio, rosto Amazônico.
No Batismo de Jesus, todos recebemos a mesma unção para servir, ou seja, trabalhar pela vida dos outros. Unção batismal. Chamou a todos para servir numa igreja toda ministerial. Desta maneira, queremos assumir como vem desenvolvendo o rito amazônico, os ministérios reconhecidos, que são aqueles que são conferidos aos ministros da celebração da Palavra, com ou sem a Eucaristia; os ministérios lembrados, ministérios pastorais, conselhos de assuntos econômicos nas paróquias, pastoral familiar, conselho diocesano de pastoral e outros tantos; ministérios do cuidado; os ministérios instituídos de leitor, acólito e catequista; e os ministérios ordenados, os diáconos, os padres e os bispos. Todos para o santo serviço.
Na Igreja primitiva, à medida das necessidades, também surgiam os ministérios. Portanto, uma comunidade provada pode obter ministérios provados. O Espírito Santo é o dono e suscitador dos dons e serviços que a comunidade necessita. Todos os ministérios, reconhecidos, lembrados, instituídos e ordenados conferem uma igreja no serviço ao Reino de Jesus que leva “vida em abundância para todos”.
Na Diocese de Juína, sou muito grato pelos evangelizadores desde a primeira hora. As leigas e os leigos, lideranças animadoras das comunidades, catequistas, animadoras das pastorais. Sou muito grato pelos missionários e missionárias que vieram a estas terras de missão com toda coragem e testemunho. São missionárias e missionários que vieram de outros países e de outros estados do nosso país. São religiosos e religiosas, padres diocesanos. A Diocese de Juína lembra com gratidão e compromisso missionário para também repartir o serviço missionário com outras realidades onde precisa ainda mais. Tanto recebido com generosidade, com coração generoso e à disposição.
Que cada agente de pastoral se transforme em animador vocacional. Deus suscite vocações para ajudar principalmente os mais pobres e necessitados. Vocações com o Evangelho na mão.
Mensagem sobre vocação do Papa Francisco:
“O Senhor continua a chamar a trabalhar por seu Reino, hoje. Somos chamados a ser ‘sinal e instrumento da intimidade com Deus e da unidade de todo o gênero humano’ (LG, 1). É uma chamada a olhar o futuro, a perceber a beleza e a responsabilidade de sermos sinais de esperança, de mãos estendidas e corações abertos. Não tenhamos medo de responder com generosidade ao chamado do Senhor, especialmente em tempos de dificuldades e provações. Que todos possam sentir a alegria de servir a Deus e aos irmãos, especialmente os mais pobres e necessitados.”
Imagem: Arquidiocese de Diamantina