Diocese São Carlos set 5, 2025

Frassati e Acutis, os futuros santos, jovens e comuns

Frassati e Acutis, os futuros santos, jovens e comuns

(Vatican News)

Dois santos cheios de vitalidade, com o coração inflamado do amor por Cristo, que viveram no mundo, mas não eram do mundo. O cardeal Marcello Semeraro, prefeito do Dicastério para as Causas dos Santos, fala sobre a santidade jovem de Pier Giorgio Frassati (1901-1925) e Carlo Acutis (1991-2006), que Leão XIV canonizará no domingo, 7 de setembro, na Praça de São Pedro. Jovens diferentes em idade — o primeiro morreu aos 24 anos, o segundo aos 15 — semelhantes na dedicação aos pobres e na alimentação diária da Eucaristia. “Há sempre algo surpreendente nos santos — afirma o cardeal —, muitos deles se assemelham e, por outro lado, o exercício das virtudes cristãs nunca é um exercício isolado, é sempre acompanhado pelo exercício de muitas outras virtudes”. Poderia se dizer que a santidade é uma sinfonia, mas o cardeal Semeraro prefere recordar a imagem do poliedro, usada pelo Papa Francisco na exortação apostólica pós-sinodal Christus vivit quando desenhava a Igreja. “Ela — escreveu o Papa Bergoglio — pode atrair os jovens justamente porque não é uma unidade monolítica, mas uma rede de vários dons que o Espírito derrama incessantemente sobre ela, tornando-a sempre nova, apesar de suas misérias”.

Frassati, com Cristo ao encontro dos pobres

“Pier Giorgio Frassati — afirma o prefeito do Dicastério para as Causas dos Santos — encarna o modelo do fiel leigo oferecido pelo Concílio Vaticano II. É aquele que, comprometido com a vida, tem uma experiência particular em diferentes realidades do mundo, é o que o Concílio chama de indole secular do fiel leigo que viveu em plena consonância com o Evangelho, encarnando-o em todos os aspectos”. Para o cardeal Semeraro, que escreveu o livro Pier Giorgio Frassati, Alpinista dello spirito (Edizioni Messaggero Padova 2025, pp. 184, euro 18), a ação na discrição do jovem turinês lembra o que está escrito na Carta aos Efésios de Santo Inácio de Antioquia: “é melhor ser cristão em silêncio do que falar, dizer e não ser”.

Esse fazer o bem sem alardear-se manifestou-se depois na presença maciça no funeral de Frassati de pessoas pobres, deserdadas, marginalizadas, que ele sempre ajudara na clandestinidade. Uma humanidade que rasgou o véu sobre os olhos da família, inconsciente da dedicação do filho aos mais desfavorecidos. “Sua morte foi uma epifania”, sublinha o cardeal, para quem “Frassati foi para os pobres porque encontrou Cristo”.

Acutis e a santidade do adolescente

Também no funeral de Carlo Acutis participaram muitos pobres e nem mesmo a sua família sabia. “Acutis foi uma descoberta também para os seus pais, ele fez o que fez com as suas possibilidades de adolescente, com as suas possibilidades de jovem”. Carlo é a expressão da “santidade de um rapaz, pronto para se abrir à vida tendo como referência a Eucaristia, sua autoestrada para o céu”.

“Essas diferentes santidades devem nos levar a refletir sobre o sentido das idades da vida”. A referência do cardeal é a Romano Guardini e sua obra: Le età della vita. “Frassati nos mostra uma idade da vida particular, Acutis a do mundo adolescente, que hoje talvez seja a fase mais crítica da vida”. Jovens comuns, porém, que exalam uma santidade “da porta ao lado”, como gostava de repetir o Papa Francisco. Duas figuras que o próprio Leão XIV propôs como modelo para as novas gerações durante o recente Jubileu da Juventude. “Há santos — afirma o prefeito do Dicastério Vaticano — que, como salientava a mística Madeleine Delbrêl, crescem em viveiros porque estão em um instituto religioso, são consagrados. Há outros, como Acutis e Frassati, que estiveram no mundo, os santos da rua”.

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