Diocese São Carlos nov 5, 2017

Mensagem de Dom Paulo Sérgio por ocasião da Festa de São Carlos Borromeu

Mensagem de Dom Paulo Sérgio por ocasião da Festa de São Carlos Borromeu

Carlos Borromeu nasceu no castelo da família, em Arona, localizado próximo de Milão em 2 de outubro de 1538. Era filho do Conde Gilberto Borromeu e da Condessa Margarida de Médici que era extremamente dedicada à família. Ao falar de São Carlos Borromeu, sirvo-me da máxima do escritor alemão Friedrich Schegel: “um historiador é um profeta ao contrário, mas, que na verdade diz a mesma coisa.” Para muitos, profeta é aquele prevê o futuro, quando, na verdade, o profeta é aquele que testemunha o que fala em nome de outros e não em seu próprio nome.

Durante séculos São Carlos representou não somente o ideal de Bispo, mas a fonte mais importante da Fonte Eclesial Ambrosiana. Os seus sucessores, à frente da Arquidiocese de Milão sempre o consideraram um modelo insuperável.

Borromeu convida a observar o sentido e o respeito à lei eclesiástica e propõe a figura do Bispo como “pater pauperumet defensor civitates” (pai dos pobres e defensor das cidades). São Carlos é padroeiro da cidade de Milão, padroeiro da cidade de São Carlos e, juntamente com São Pio X e São José de Anchieta, padroeiro dos catequistas.

A importância de São Carlos atravessa os séculos e chega aos nossos dias, não somente pela sua significativa e decisiva participação no Concílio de Trento porque sem ela, o Concílio não teria chegado ao seu tema e muito menos à sua aplicação.

São Carlos distinguia-se pela grandeza de alma e pela modéstia. Era muito querido por todos os empregados do castelo e dava atenção especial aos pobres, doentes e abandonados.

O Concílio de Trento foi convocado em 1545 e, depois de muitas interrupções foi concluído em 1563. Seu objetivo era promover a reforma da Cúria Romana, isto é, da Corte Papal e do Governo da Igreja; também era necessário reorganizar a disciplina do clero, definir vários aspectos doutrinários e fortalecer a Igreja diante da Reforma de Lutero.

Ao tomar posse, a entrada de Carlos em Milão foi uma apoteose. Carlos abandonou toda a riqueza para viver, a exemplo de Jesus na pobreza. O lema da família (Humilitas) foi assumido com radicalidade. Sua vida foi no constante serviço ao seu rebanho, particularmente aos pobres distribuindo o pão para o corpo e para a alma. Por ocasião da epidemia da peste que tomou conta de Milão, que havia enfrentado a peste de 1524 e a de 1530, Carlos “arregaçou as mangas”, vendeu tudo que tinha e pessoalmente saía em socorro dos pobres. É o que podemos ver no teto da Capela da Casa Episcopal de São Carlos.

Em outubro de 1584, retirando-se para os exercícios espirituais, teve fortes acessos de febre e mesmo assim, se encorajava dizendo: “um bom Pastor de almas deve suportar três febres antes de se recolher ao leito.” Os acessos continuaram e consumiam as forças do arcebispo. Provido dos Santos Sacramentos, expirou aos 3 de novembro de 1584, pronunciando suas ultimas palavras “eis Senhor, eu venho, vou já”.

São Carlos tinha apenas a idade de 46 anos e sua morte foi muito sentida por todos.  Para evitar títulos pomposos, havia determinado em seu testamento que fossem escritas, em seu túmulo, as seguintes palavras: “Carlos Cardeal com o título de Santa Praxedes, Arcebispo de Milão, que se recomenda à oração fervorosa do clero, do povo e dos devotos em Geral.” Ele mesmo escolheu, em vida, esta tumba para si.

O Papa Paulo V canonizou-o em 1610 e fixou-lhe a festa para o dia 04 de novembro. O corpo do Santo, em boa conservação, repousa na cripta da Catedral de Milão e se tornou centro de peregrinação de fiéis de todo o mundo.

Dom Paulo Sérgio Machado

Bispo Emérito da Diocese de São Carlos

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