Diocese São Carlos jun 4, 2015

Eucaristia: Pão que alimenta o homem

Eucaristia: Pão que alimenta o homem

PORQUE A IGREJA CELEBRA O CORPO DE CRISTO.

“Tomai e comei, isto é meu corpo. Tomai e bebei, isto é meu sangue para a vida do mundo” (Jo… )

Alguns se escandalizaram com este discurso de Jesus e se perguntavam: “Como ele quer que comamos sua carne e bebamos o seu sangue?”. Não foram apenas estes que estranharam. Também nós temos dificuldades de apreender o cerne das coisas e, consequentemente, sobre este particular, o recado de Jesus.  O corpo do homem não é pura estrutura física, uma massa de tecido muscular. O  sangue, por sua vez, não é somente um líquido que transita pelas artérias e veias, distribuindo oxigênio e substâncias nutritivas ao corpo.

O corpo é, além disto, estética, família, raça, cultura; é ponte que nos liga com a terra, os amigos, as coisas. É também consciência, é pensamento que abarca horizontes; É mente que apreende a vastidão do universo; máquina que turbina ideias, escopo que burila condutas; é motor que gera ações; campo de partida da linguagem; é racionalidade que gera intuições, conceitos, abstrações, entendimento e representações; é mina dos comportamentos psíquicos; é vento que nos mergulha no absoluto; é duração que conecta nosso passado com o nosso presente, nosso ser finito com o infinito; é engrenagem de nossa atividade mental; é manancial que flui virtudes, raiz que garimpa propósitos; é solo que esconde a temporalidade de nossa vida interior; é cofre que guarda o passado e é plataforma que projeta sonhos; é escola que ensina direitos e cobra deveres; é subterrâneo que armazena o conteúdo dos símbolos; é chama que persuade, motor que aconselha ou determina a vontade; pauta que induz ao bem ou ao mal; é conhecimento, é passado que perdura no presente e futuro que o presente almeja.

O QUE NÃO É CORPO DO CRISTO.
O corpo é muitas vezes sanha que preda, concupiscência que incendeia; preguiça que languidesce; ambição que acumula, avareza que retém; é egoísmo que se fecha em si mesmo; é luxúria que se exibe; é gesto de estardalhaço; é vingança e ira que ferem; é ódio que mata; é covardia que retrocede; é medo que aprisiona; é ressentimento que magoa; é inveja do alheio; é soberba que humilha, prepotência e orgulho que exploram e tiranizam; é mentira que trai, falsidade que engana; é violência e crueldade; é agressividade, tensão, bloqueio, insegurança; é decepção, frustação, angústia; é trama que engana; é válvula do horror que extermina.

Este é, evidentemente, corpo de morte. Por outro lado, o corpo é também sentimento que embala; é inteligência que desvenda; é memória que atualiza; é paixão que se entrega; é alegria que se irradia; é amor que se doa; é força que transforma; é compaixão que acode; é paz que harmoniza; é remédio que cicatriza; é emoção que contagia; é esperança que projeta; é solidariedade que abraça; é sofrimento que sublima; é coragem que vence o medo; é verdade que desmascara a mentira; é sinceridade que nutre confiança, é simplicidade que atrai; é fortaleza que resiste; é prudência que acautela; é humildade que ajoelha, é justiça que distribui, é mansidão que pacifica; é paciência que tolera; é misericórdia que abraça; é comunhão que compartilha; é gratidão que reconhece e sensibilidade que abraça.

“Tomai e comei isto é meu corpo”
O corpo é ainda arte, é música; é dança, é poesia, é festa, é mobilidade que dura, é perdão que absolve, é graça que santifica, é segurança que garante, é sol que ilumina, chama que crepita, ímã que atrai, fonte que borbulha, elo que une; é perfume que inebria. É espelho que reflete, é brilho no olhar, é abraço que envolve, é fonte de alegria, é sorriso, é dor compartilhada, é oração que eleva, é fé que faz transcender, é proteção e calor; é ternura, é piedade e retidão, é alento, é bondade, é harmonia; é tribunal que absolve ou condena, que decide a vida ou a morte; é insondável oceano de mistério; é linguagem silenciosa, é templo do Espírito Santo. É código de postura, bússola que orienta, trilha que guia; é fruto do finito e desejo que penetra o infinito; é filho do tempo e ânsia de eternidade; é o passado no presente e o futuro que o presente almeja.
Eis aí a dimensão do corpo. É deste corpo que Jesus quer que nos alimentemos. Ele nos revela e nos propõe descobrirmos a grandeza e santidade do seu próprio corpo que, por nós compartilhado, constitui alimento de vida eterna.

“Tomai e comei isto é meu corpo”

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